Quando o “Feito à Medida” não tem nada ver com o alfaiate.

A ascensão do Cliente Uno

 

A nossa sociedade vive rodeada de dados. A toda a hora são- nos solicitados e a toda a hora, nós consumidores, facultamo-los voluntária e, muitas vezes, inconscientemente. Facilmente oferecemos dados acerca dos nossos interesses, das nossas preferências, dos nossos hábitos e comportamentos individuais. Cada interação na internet, nas redes sociais, nos registos corporativos, nos movimentos financeiros, fica registada e vai traçando um perfil para cada um de nós.

Dada esta realidade, a quantidade de dados disponíveis está a aumentar exponencialmente. Entramos na era BIG Data, termo amplamente utilizado para nomear esse conjunto de dados, que por ser tão extenso e complexo, não se consegue tratar nos sistemas de processamento tradicionais. Estes dados, depois de trabalhados transformam-se em informação valiosa para as empresas, que a poderão utilizar para melhor conhecer os seus clientes, entender o seu comportamento de compra, as suas motivações e os triggers que as fazem agir.

Neste contexto, as empresas vão ao pináculo da personalização, adaptando e customizando os seus produtos/serviços para cada individuo. As especificações do cliente determinam, não só o processo produção, como também o de distribuição. A título de exemplo: o cliente pode escolher aquela camisola amarela standard, mas com as flores azuis e os apliques encarnados, sem ter de sair do conforto do seu sofá e, de forma igualmente cómoda, irá recebê-la em sua casa no dia e hora que mais lhe convier. Toda a dinâmica comercial está em plena mutação. A produção e distribuição assumem inteiramente o conceito “Feito à Medida”. O interessante da questão, é que esta empresa-exemplo, que só produz camisolas, apenas chegou a este cliente específico, através da análise da informação que ele próprio disponibilizou e, assim, conseguiu traçar um perfil, para melhor adequar a sua comunicação, potenciando, deste modo, o seu negócio.

Na conjuntura dos dias de hoje, para os negócios se desenvolverem é necessário uma nova mentalidade focada no Cliente Uno, que é cada vez mais exigente, que valoriza a singularidade e a pessoalização, procura o conforto e a comodidade. É este o universo dos atuais consumidores do nosso mercado.

No entanto, a realidade é paradoxal. Todos os dados pessoais e privados que estão acessíveis às empresas  são disponibilizados pelos próprios clientes e para seu próprio conforto ficam registados (como por exemplo o registo dos contatos pessoais numa loja, naturalmente o cliente não quer ter de os inserir de cada vez que faz uma compra). É nesta questão que os regulamentos legais poderão dificultar a ação e o desenvolvimento das empresas, colidindo também com os interesse e com o bem-estar dos consumidores.

Nesta sociedade de dados (Data Driven) em que vivemos, o importante seria encontrar um equilíbrio entre as escolhas dos consumidores e os meios disponíveis às empresas para ir ao encontro dessas preferências.

Nos negócios B2B a necessidade de informação é igualmente necessária. Os gestores têm de ter ao seu dispor os dados existentes e fazerem uma seleção da informação que é relevante para a tomada de decisão relativamente a um cliente. Daí a extrema importância das informações empresariais; uma má avaliação e uma atribuição de crédito errónea, podem ser desastrosas para uma empresa, independentemente da sua dimensão.

Neste cenário cada vez mais dinâmico, ter acesso (antes da concorrência) às informações de mercado e saber interpretá-las, adaptando as expetativas dos consumidores, avaliando os seus comportamentos, seguindo as tendências e aplicando todo esse manancial de informação ao seu próprio negócio, pode ser o limite para viver ou morrer no universo empresarial.

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